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Resenha: Projeto Rosie

By 11:47 , , , ,


Título: O Projeto Rosie
Autor:  Graeme Simsion
País: Austrália
N de páginas: 319




Don Tillman é um cara bonito, atlético. Pratica esportes regularmente, tem um emprego estável como professor de genética. Um homem popular e que deve ter 3984837 mulheres correndo atrás.

Certo?

Errado. 

Don tem uma vida insuportavelmente regrada, não tem um pingo de inteligência social, não é fã de contatos físicos e tem extrema dificuldade para sentir empatia. Sua lista de amigos é mínima - constituída apenas por Gene, seu melhor amigo e canalha profissional, e Cláudia, sua conselheira e esposa de Gene. A lista de relacionamentos é quase tão mínima quanto a de amigos, sendo marcada pelo que Don chamada de desastres

Porém, apesar de um fracasso como ser humano, Don precisa seguir com o curso programado de sua vida e isso incluí conseguir uma parceira. Uma mulher que se adeque a uma série de características e com a qual  Don seja capaz de conviver.

Para achar essa santa, ele elabora um questionário hard  - iniciando o Projeto Esposa - e com a ajuda de Gene, começa a selecionar possíveis candidatas. Claro que a tarefa não será fácil e para dar uma forcinha, Gene enviará para a sala de Don uma jovem chamada Rosie

Acontece que Rosie é completamente inadequada: ela fuma, não é organizada, chega atrasada a todos os compromissos e não é adepta à regras. E pior - Rosie está inserida numa trama familiar meio novela mexicana. Ela é o resultado de uma pulada de cerca da mãe, que morreu antes de revelar a identidade do pai biológico. Será esse um aviso para que Don pule fora enquanto há tempo? Não! Ele se envolve na busca pelo pai biológico de Rosie. Tem início o Projeto Pai. 

E claro que, em meio a essa busca, Don terá que descobrir se a mulher mais inadequada não seria, talvez, tudo o que ele realmente precise.

Pelo que dá pra perceber na sinopse aí em cima, O Projeto Rosie é clichê. Todo mundo sabe como a coisa funciona: o casal que menos combina é aquele que fica junto. Mensagens como aprenda a lidar com diferença, aceite o seu amor como ele, nhé, nhé, nhé. 

Mas, incrivelmente, todo esse clichê não desmerece O Projeto Rosie. Diferente de outros romances que estão em voga atualmente, esse livro não tem pretensão de te fazer botar os bofes pra fora, de deprimir, de espantar. 

É um livro leve. 

Para aqueles dias em tu tá com muita coisa na cabeça e precisa de um descarrego. Num dia de merda, O Projeto Rosie funciona como uma espécie de descarga. Compreende? hehehe

Não há um grande clímax e o que prevalece é a comédia. É impossível não comparar Don com Sheldon, de Big Bang Theory. Os dois são inteligentes, frios, robóticos e organizados ao extremo, só que Don é uma versão mais light - o que não faz o comportamento dele menos engraçado. Dá pra rir bastante com as gafes dele e sua forma racional de pensar, independente da situação.

"O termo 'baixo impacto' se aplica, nas artes marciais, a um oponente que sabe cair. Esse indivíduo não sabia e aterrissou com toda força. (...) Para evitar mais violência, fui obrigado a me sentar em cima dele. - Tira essa porra de bunda de cima de mim! Eu vou te matar, seu desgraçado - disse ele. Diante desse argumento, parecia ilógico atender a seu pedido."

Por isso, apesar de ser o personagem com menos empatia, Don é o mais simpático. Fora que é maravilhoso ler uma comédia romântica com protagonista masculino. Rosie, mais comum, não consegue prender tanta atenção quanto Don. Achei ela meio chatinha, arrogante - mas não insuportável. É uma jovem realista, bem construída. Mas é que Don é tão legal e doidão que qualquer outro personagem é ofuscado.

"Gene me mandou a mulher mais incompatível do mundo. Uma garçonete. Atrasada, vegetariana, desorganizada, irracional, nada saudável, fumante - fumante! -, com problemas psicológicos, que não sabe cozinhar, é matematicamente incompetente, com uma cor de cabelo artificial. Acho que ele estava fazendo uma brincadeira comigo."

O Projeto Rosie não é um livre marcante, mas é uma ótima distração. A escrita e os personagens simpáticos lembram bastante o jeito de Marian Keyes, autora de Sushi e Melancia, que também faz tramas leves, sem maiores objetivos, apenas para entreter.

Eu não gosto de romance, mas gostei desse. Então, imagino que pra quem já gosta do gênero, essa é uma ótima alternativa.

Não está a fim de refletir sobre a condição humana, sobre a vida? Não está a fim de chorar e se dobrar em posição fetal pelo desespero? Então, escolha Don. Confie em mim, ele é um ótimo partido.


"Amar é ter um sentimento profundo por outra pessoa, um sentimento que muitas vezes desafia a lógica."

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