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Resenha de "Legend - A Verdade se Tornará Lenda"

By 09:39 , , ,

Título: Legend - A Verdade se Tornará Lenda
Autor (a): Marie Lu
Páginas: 255

Sinopse: o mundo já não é mais o que era. Após um conjunto de desastres, a organização mundial mudou. O plano de fundo é o local que um dia foi o oeste dos Estados Unidos, mas que passou a ser conhecido como a República - onde cada jovem tem a obrigação de participar de uma avaliação chamada Prova. Se for muito bem, será colocado em ótimas escolas e universidades, terá uma carreira promissora. Se for apenas razoável, permanecerá pobre e terá que trabalhar muito duro para se manter. Agora, se for reprovado... Seu destino será um "campo de trabalho". 

O governo é chefiado por um homem chamado de o Primeiro Eleitor e é amparado por um poderoso Exército que está constantemente em conflito com as Colônias, as regiões rebeldes. E assolando a população, ainda temos um vírus mortal, que atinge principalmente a parcela mais pobre das cidades.

É nesse universo que vivem Day e June. Suas vidas são completamente opostas: Day é o criminoso mais procurado da República, enquanto June é uma rica menina prodígio, única pessoa a alcançar a pontuação máxima na Prova. 

Um crime faz com que os dois se encontrem, numa intriga que mudará a vida deles para sempre. June passará a questionar a sua tão estimada República. E Day descobrirá que o sistema é muito mais sujo do que ele imaginava.

Opinião: De uma coisa, não tenho dúvidas - distopias estão na moda. E Legend (coincidentemente, também uma trilogia, todos já lançados no Brasil) pega carona nessa cauda de cometa. Se for pra dar uma opinião mais geral e superficial, eu diria que Legend é inferior à Jogos Vorazes, mas superior à Divergente... Isso levando em consideração fatores como personagens, enredo e clímax. 

Então, vamos aos pontos negativos e positivos:

Negativos

Protagonistas: protagonista, na verdade. Achei June péssima, irritante, desprovida de carisma. É compreensível o comportamento dela - estando no topo da cadeia alimentar da República, sua vida teve forte influência militar. Porém, tive a impressão de que a própria autora ficou confusa na construção da personagem... 

Não houve um equilíbrio ou desenvolvimento das emoções: June se comporta como uma oficial de 40 anos a maior parte do tempo, mas tem estranhos rompantes de adolescência, que ficam completamente deslocados em sua personalidade. Ah, esclarecendo - June tem 15 anos de idade. Esses tais rompantes fariam sentido se a parte militar fria dela fosse apenas uma fachada, mas acontece que não é - ela gosta da lógica, da organização, da análise fria. E não há motivos para June simplesmente ter trancafiado a "adolescente" para que apenas a militar aparecesse (como que para merecer o respeito alheio e tal), uma vez que a personagem mostra suas habilidades de forma muito natural e não como se apenas quisesse se confirmar diante dos demais.

Enfim, achei que faltou um equilíbrio na personalidade de June, a fim de torná-la mais humana, mais fácil de gostar. Thomas, por exemplo - amigo de June e também militar da República - é frio, mas você consegue perceber a juventude e traços da personalidade em sua forma de agir. 

Perfeição: não entendo como tanta gente gosta desses personagens perfeitos. Apesar das críticas que que possa fazer à saga Crepúsculo (por exemplo), minha primeira grande reclamação sempre foi a perfeição de Edward Cullen. Não tenho a menor paciência com personagens livres de defeitos - eles são completamente entediantes. 

E aqui, em Legend, isso aconteceu.

Pra começar, Day e June são descritos como incrivelmente bonitos... Em Day isso não ficou tão chatinho porque ele tem seus desvios, seus problemas, suas falhas. Agora, June? Ela é muito bonita, muito forte, muito inteligente, muito ágil. É praticamente um robô. Seu único defeito é a crença na República - o que sequer é defeito, já que ela foi levada a isso através dos anos. Acho que esse excesso de qualidades fez com que June me fizesse bocejar.

Ah, e eu não gosto de casais bonitos demais. Gosto quando uma das partes é apenas normal, com características que a fazem especial. Beleza demais é ZZZzzzzzz..........

Romance: encontro esse problema em vários livros. Minha implicância não é com o romance em si - todo mundo adora ter um casalzinho pelo qual torcer (Jaime e Brienne, meu coração dilacerado manda lembranças). Mas é que é difícil torcer por uma dupla que não conseguiu me fazer entender porque se apaixonaram... Ou como puderam se apaixonar tão rápido. 

Quero dizer: Day salva June. Acha ela bonita. E logo, já começa a pensar no quão perigoso é se apaixonar por alguém das ruas. June também, em questão de poucos parágrafos, começa a se sentir muito atraída por Day. E por fim, quando os dois são separados pelas circunstâncias, já estão apaixonados e pensando um no outro a cada instante.

Como? 

Gente, eu entendo o amor quase instantâneo. O amor avassalador que vem rapidamente... Mas entendo isso apenas quando acontecem determinadas coisas que auxiliam no desenvolvimento desse amor. Momentos de tensão, situações de perigo ou conversas, sei lá! Qualquer coisa que provoque uma aproximação que, então, leve ao aparecimento de sentimentos mais fortes.

Não dá pra engolir que vem do nada! 
Ou pior - que surja apenas da apreciação física.

Porque não há nenhuma conversa profunda ou momento determinante que dê o empurrão fundamental para que June e Day caiam de amores um pelo outro. Achei o romance de Legend muito superficial e não fiquei com vontade de torcer pelo casal.

Enredo: pelo  menos, parte dele. Achei meio manjado o tratamento dado aos protagonistas. A menina sendo a prodígio rica e o menino como delinquente aventureiro? Sinceramente, teria achado mil vezes mais interessante se houvesse acontecido o contrário: June como a criminosa da República e Day como um jovem prodígio rico que aos poucos começa a questionar o sistema... Creio que o próprio romance teria sido mais interessante dessa forma. Vamos ver por esse lado: Jogos Vorazes e Divergente fizeram imenso sucesso, tendo como protagonistas meninas rebeldes que desafiaram sua realidade. Acho que o público fica atraído por esse tipo de abordagem. 

Positivos

Enredo: Gostei bastante do universo de Legend. A República e sua sujeira, a forma como controlam a população, obrigando todos a prestar obediência extrema ao líder (o que lembra muito o Grande Irmão, da obra 1984. Se você gosta dessas distopias recentes, leia as clássicas, como 1984 e Admirável Mundo Novo. Cada distopia que você conhece bebeu - mesmo que só uma sugadinha de leve - dessas fontes). Também adorei a "lavagem cerebral" que a República fez nas pessoas, principalmente nos militares, instigando-os a odiar as Colônias e os Patriotas (soldados das Colônias), sem questionar qualquer coisa. Contudo, não gostei muito da ideia da Prova - achei que é mais do mesmo.

Ah, e apesar das minhas críticas aos protagonistas, gostei bastante da ideia que rege Day e June. Logo se percebe que os dois tem habilidades muito semelhantes, mas que por causa da vida que cada um teve, elas acabaram sendo desenvolvidas para objetivos muito diferentes. Day é mais prático porque o cotidiano perigoso nos guetos exige isso. June é mais organizada porque a vida militar a ensinou a ser assim. É como se fossem gêmeos siameses que foram separados e postos em ambientes opostos com o propósito de analisar o crescimento de cada um. 

Personagens secundários: para variar, personagens secundários acabam se tornando mais interessantes que os protagonistas (embora Day seja bem legal). Tess, a órfã que Day protege nas ruas, tem grande inclinação médica e consegue se virar mesmo com sua aparência frágil. Thomas também tem um grande potencial e eu espero que ele apareça mais nos próximos livros. Metias, irmão de June, apareceu em poucas páginas, mas conseguiu se mostrar muito mais interessante do que sua maninha... Kaede, lutadora de rua, também despertou curiosidade. E ainda temos a Comandante Jamenson, o Primeiro Eleitor... Enfim, vários personagens que me chamaram a atenção.

Estrutura: os capítulos são curtos e intercalados - um pertence a June, outro pertence a Day, todos narrados em primeira pessoa. A leitura foi fácil e ágil, o que é um bálsamo nessa modinha de trilogias. Sem contar que é fácil achar os livros por um preço muito camarada: comprei Legend por cerca de 13 reais e encontrei os outros por 19 e 20... É só jogar no google shopping que eles aparecem.


Numa perspectiva geral, Legend é um livro que agradou, mas que me deu a impressão de que poderia ter sido bem melhor. Como é uma leitura rápida, não pretendo abandonar e vou seguir a trilogia. 

Se você gosta de distopias e procura um livro para ler enquanto anda de ônibus, espera o atendimento, descansa no intervalo do trabalho ou da faculdade, Legend é uma ótima opção.

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