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As vésperas do vestibular, aquela duvida cruel, que te faz passar noites em claro entre pensar na profissão que você seguirá no futuro e ir ao banheiro. Ir ao banheiro? (outra história).

Assustada, confusa e indecisa. Era assim que eu me sentia logo depois que me formei. Sem saber o rumo que daria para minha vida, decidi espera um semestre, colocar a cabeça no lugar, esfriar os miolos, conseguir um emprego.

O que consegui foi uma baixo estima incrível, uma conta no banco zerada e uma profissão errada anotada naquele maldito formulário da universidade. Aquela droga de "Arquitetura" marcada naquele campo para "Qual curso?", e os 5 semestres seguintes me custaram dinheiro, estresse e novamente idas ao banheiro e semanas chorando e não comendo. O lado bom é que emagreci, as custas de alguns mils a menos na conta - da minha mãe - e noites em claro fazendo trabalhos.

E então fico amaldiçoando aquela certeza do eu seria, desde eu era pequena, que acabou não rolando. Assassina profissional era perigoso demais, e precisaria lidar com sangue e falta de sentimentos. Até dava pra aguentar, mas quando chegasse na parte do "meu cachorro esta lá fora, no frio e na chuva, esperando eu voltar para casa" me amoleceria o coração. Não, definitivamente não.

Detetive particular também era uma opção razoável, mas não sou muito de ficar quieta e observar. Ainda hoje não entendo uma indireta mais que direta dita na minha cara. Ou astronauta, astronauta seria legal. Mas meus problemas com comida, principalmente saudável, não daria muito certo.

E o maior problema é que, pra todos esses meus desejos de criança, eu não precisaria de faculdade. Tirando ser alqueóloga, mas dai eu correria o risco de só conseguir emprego como professora. Isso não seria saudável para os alunos, podem apostar.

E então, volto a estaca zero. O que fazer do futuro? Fazer o que todos querem, virar vagabunda? Prostituta, como um amigo falou, poderia ser a ultima opção. Leiloar a virgindade, ou só formatar trabalhos de TCC para alunos de técnico e faculdade.

Decisão... decisão... eu preciso tomar uma decisão...

Nesse momento, as diversas opções de cursos apresentam-se para confundir ainda mais a minha cabeça e a de muitos outros estudantes, ingressando ou desistindo de seus cursos, que já estão cheias de preocupações: agradar os pais, não se afastar dos amigos que escolheram outras profissões e, ainda, procurar uma profissão que "dê dinheiro". E isso pira a cabeça.

Mas no final acaba que entrando na cabeça que essa escolha não é definitiva, no meu caso, de novo. Eu posso tentar outra vez, errar, recomeçar e me encontrar. Com o passar do tempo acabamos entendendo que a vida é assim. É difícil tomar uma decisão importante, como escolher uma carreira ou desistir dela (mesmo que você não goste de trabalhar com isso). Todos estão contando com você e com tal decisão, mas no final é somente nós mesmos quem vamos nos beneficiar ou nos prejudicar com tal escolha, mais ninguem. Então escolher, errar, escolher novamente e seguir esse ciclo, se necessário, é uma coisa nossa e somente nossa. É para nossa felicidade e futuro.

Eu chorei e não entendia porque tantas pessoas conseguiam trocar de curso sem sofrer. E eu ficava trancada no banheiro, me derramando em lágrimas (tradição, eu choro no banheiro, sem motivo nenhum, apenas fico sozinha, sentada no chão, liberando todos os sentimentos ruins) enquanto outros faziam isso com um sorriso nos lábios e uma satisfação enorme. Mas pessoas são pessoas, e somos todos diferentes, e é por isso que o mundo é belo.

E então é só respirar fundo, colocar um sorriso no rosto (ou chorar muito desse sorriso) e recomeçar. Na vida, uma hora ou outra, é inevitável, todos recomeçamos. Uma profissão, um amor, amigos, cidade, nós mesmos... Mas então é só ser um pouquinho egoísta. Nessa hora você tem direito de pensar em você mesmo e na sua felicidade.

Levante a cabeça, sem vergonha do mundo e diga: eu vou fazer administração... ops, história... não, não, vai ser psicologia... ah droga, sinceramente, vou ir pro mercado livre, devem pagar bem pela virgindade de alguem, afinal, aquela meninas conseguiu uma boa grana.

rsrsrsrsrs

Apenas seja feliz... e ache o seu próprio caminho, mesmo que tenha 80 anos, catarata e as cadeiras quebradas.

=^-^=