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– Pirâmides, impossível construí-las??? PARTE I –

By 09:51


Olá queridos leitores, finalmente voltamos a ativa, e para não atrasarmos este post, decidi colocá-lo hoje, já que amanhã vou estar meio impossibilitada.

Já aviso que este post será um pouco (em demasia, na verdade) grande. Mas espero que gostem e não se cansem... queria ter dividido ele em duas partes, mas dai ficariam meio desnorteados... Ele já é dividido em duas partes... XD

Primeiro a construção da pirâmide do Faraó Del Debbio, mostrando como mal conseguimos construir uma pirâmide com tecnologia de 2008. Na segunda parte, sobre as teorias de Keitaro e suas "pipas" para transporte dos blocos.

Vamos lá...




O tio Marcelo fez um post, há muito tempo atrás, no Sedentário & Hiperátivo (Teoria da Conspiração), desmistificando certos dados técnicos de seu amigo Keitaro sobre a construção das pirâmides.

Como de costume, utilizando-se de bons argumentos e excelentes informações, tio Marcelo decidiu “criar” sua própria pirâmide com tecnologia de 2008, entrando em contato com grandes empresas do Brasil.


Usando de exemplo as pirâmides de Gizé para ter-se uma área base: 230m de lado e 146m de altura quando foi construída UMA piramide. Suas paredes possuem inclinações precisas de 51º 51´14”. Sabe-se que as pirâmides foram construídas utilizando-se aproximadamente 80% de pedras de calcário rochoso, de pedreiras distantes cerca de 60-80km do Cairo, e que 20% de sua estrutura foi composta de pedras nobres, em especial o Alabastro e o Mármore Negro, trazidas da pedreira de Assuã, localizadas a cerca de 725km de Gizé, através do Nilo.

O volume da pirâmide, utilizando-se as formulas seria de 2.556.850 m3 de pedra (sabendo-se que há câmara e túneis que não foram escavados, mas sim deixados vazios durante o processo de construção). Mas para ESTA construção, esta levando-se em conta apenas o “bruto”, sem túneis e espaços vazios.

A maior parte do volume da pirâmide é construído com blocos inteiros de Calcário Rochoso. O calcário possui densidade 2,8, portanto, temos que o peso estimado de uma pirâmide é 7.159.150 toneladas, dos quais 1.431.830 toneladas (revestimentos e pedras nobres) vieram de Assuã de barco e 5.727.320 toneladas vieram de pedreiras próximas, localizadas a até 80km de distância. Destes blocos de calcário, cerca de 6% em peso é constituído de blocos de 70 toneladas (aproximadamente 5.000 blocos).

De acordo com a ABRACAL (Associação Brasileira de Produtores de Calcário), uma pedreira de 6 hectares produz cerca de 14.000 toneladas de blocos no tamanho adequado por ano (as pedreiras que os “egípcios” utilizaram para obter os blocos (Toura e Maadi) não tinham mais do que 28 hectares somadas). Fazendo uma regra de 3 básica, temos uma produção de 65.000 toneladas por ano de blocos.


De posse destes dados, temos que apenas para extrair todas as pedras para montar a Pirâmide, utilizando-se de equipamentos de 2008, levaríamos 82 anos.

Em 2000, a produção total de calcário no estado de São Paulo foi de 3.230.000 toneladas, dos quais apenas 16% nos tamanhos adequados para a construção dos blocos de 2,5 ton mínimos (pouco mais de 516.800 toneladas por ano). Vamos usar TODA a produção de calcário do estado de São Paulo para a construção dessa tumba.

Com TODA a produção de blocos de calcário do estado de São Paulo (que corresponde a cerca de 21% da produção total do Brasil) nas mãos do Faraó Del Debbio I, vamos recalcular o tempo para a construção da Pirâmide: Com 1.416 toneladas de blocos por dia de produção, precisaremos de 11 anos (4.045 dias) para extrair tudo. Dane-se o estado de São Paulo, o Faraó Del Debbio tem pressa. Temos apenas 20 anos para construir as pirâmides! (tempo que elas foram construída pelos egípcios).


Para a operações terrestres, usaremos o caminhão 31260E da Volkswagen, o maior e mais poderoso caminhão da linha comercial 2008, que é um dos mais modernos da frota brasileira, capaz de carregar até 31 toneladas por vez. Utilizando-se de guindastes mecanizados do tipo GR 9.000 da Rodomaq, conseguimos colocar um bloco de pedra de 2,5 toneladas dentro do caminhão e ajustá-lo em cerca de 10 minutos, de acordo com o engenheiro responsável.

Um caminhão 31260E carrega até 12 blocos de 2,5 toneladas de cada vez, o que demoraria 120 min para carregá-lo. Supondo uma estrada bem asfaltada, em uma velocidade segura, faríamos o trecho de 80 km em 1h30. Descarregando o caminhão no local da obra e retornando em segurança, todo o processo de ida e volta demoraria 7 horas.

Ao todo, teríamos de carregar 5.383.681 toneladas de pedras em blocos de até 12 toneladas usando nossos caminhões Volkswagen.
Fazendo a divisão de 5.383.681 toneladas por 30 toneladas, temos 179.456 viagens. Levando em conta nossa produção de 1.416 ton por dia, demoraríamos 3.802 dias para fazer todas as viagens (ou 10,5 anos). Para tanto, utilizaríamos uma frota de 30 caminhões (que trabalhariam 24 horas por dia, 7 dias por semana, sem feriados ou pausas). Não há razão para usarmos mais caminhões, pois estes já estariam trabalhando no limite, já considerados 20% extras para eventuais falhas mecânicas.

Para carregar os blocos de 70 toneladas encontramos esta carreta, capaz de carregar até 470 toneladas, mas não achei o nome dela. Para sustentar essa estrutura, a carreta tem 266 pneus, além de outros 30 dos cavalos mecânicos. Para carregá-la com os blocos de 70 toneladas (cabem 6 blocos por vez), demoramos cerca de 2h por bloco, ou seja, 12 horas para carregá-la, 16 horas para viajar (totalizando 56 horas por trajeto ida e volta) levando 420 toneladas. Para transportar 343.639 toneladas, precisaremos de 818 viagens, ou seja, 45.808 horas (5,2 anos).


Outro dos problemas é como fazer a terraplanagem do terreno. Consultei algumas das empresas de topografia de irmãos e descobri que conseguir um platô que fique PERFEITAMENTE NIVELADO sobre a areia de um deserto é uma tarefa impossível. Pior ainda se planejamos “empurrar” os blocos… o mero deslocamento das pedras já desnivelaria TODO o trabalho executado, e a areia deslocada nunca permitiria um encaixe tão perfeito dos blocos.

De qualquer maneira, os trabalhos de terraplanagem de uma área deste tamanho teriam de ser executados por alguma empresa do porte da Engepar especializada em barragens. O tempo estimado para deixar o terreno preparado para receber a pirâmide girou em torno de 6 meses a 1,5 anos, mas sem garantias de inclinação de zero graus como na pirâmide. Esperaria-se algo em torno de 0,5º a 1,5º de inclinação.


Para as operações marítimas, será usado um dos maiores navios em operações aqui no Brasil, da Hamburg-Süd, chamado “Aliança Brasil PPSO”, com capacidade máxima de 1850 Teus (Teu é uma unidade de medida que representa containers com 20 pés, neste caso, carregados com 14 toneladas).

As docas do porto de Santos, o maior porto do Brasil, são capazes de carregar em média, 40 containers por hora. Um navio do porte do Aliança Brasil demoraria, então, 46 horas para carregar e 20 horas para viajar. Isso, claro, contando que tivéssemos dois portos do tamanho de Santos à nossa disposição.

Carregar 1.431.830 toneladas usando este navio demoraria 55 viagens, ou aproximadamente 310 dias. Menos de um ano. Esta seria a parte mais fácil do projeto.


Resolvida a logística de escavações e transporte, vamos colocar os blocos uns sobre os outros:

Precisamos levar todos estes blocos de 70 toneladas, 12 toneladas e 2,5 toneladas até a sua posição na Pirâmide. Sabemos que ela possuía 146m de altura. A hipótese de rampas é ridícula, pois não podemos construir rampas com inclinação maior do que 10%, o que significa que as rampas quando estivéssemos no topo da pirâmide teriam 1,5 quilômetros de comprimento.

Para posicionar os blocos gigantes de 70 toneladas, usaremos guindastes da Demac ou Lorain. Posicionar um bloco de 70 toneladas em um canteiro de obras demora cerca de 2 horas.


Resolvido as primeiras etapas da pirâmide, usaremos, então, o modelo de guindaste MC310K12, um dos maiores guindastes em uso aqui no Brasil, para elevar os blocos de 12 e 2,5 toneladas. Ele eleva 12 ton a uma altura de 57,50m, com uma lança de 70m. Com ele, conseguiremos construir até cerca de 50m de altura… só faltam 100m para chegar ao topo.

Neste ponto do percurso, temos um problema, chamado Câmara dos Reis. Há dentro dela uma pedra única de 50 toneladas, de mármore negro vindo de Assuã. Como nenhum guindaste chegaria a essa posição, talvez helicópteros pudessem fazer essa proeza, mas o maior helicóptero brasileiro, o Baikal, carrega miseráveis 4 toneladas. Mesmo o Mi-26, o maior helicóptero de carga americano, segundo a WFF, carrega apenas 20 toneladas. Sem helicópteros, tivemos de construir uma rampa, usando estruturas metálicas extra-resistentes combinada com um guindaste na ponta para içar a pedra. Tempo estimado de operação: duas semanas.

Existe uma grua nova na Espanha chamada Potain MD1400, a maior grua em atividade na Europa, capaz de elevar pesos a até 200m de altura, flecha de 50m e 30 toneladas de carga. Deve dar, embora a flecha desta grua não é suficiente para chegar no centro da pirâmide, o que força nossos homens a montarem esquemas de cordas para direcionar e posicionar as pedras do Topo.

Fica faltando uma última pedra, uma réplica da pirâmide com 9m de altura esculpida em uma única peça de mármore negro, chamada Pyramidion, pesando entre 6 e 7 toneladas. Com a grua espanhola, podemos fazer este trabalho sem grandes complicações de engenharia.



Claro que os prazos fornecidos na coluna do tio Marcelo são para cada uma das etapas separadamente. Quando construirmos a pirâmide, estas etapas terão de entrar dentro de um cronograma de logística: enquanto as pedras são cortadas e transportadas, outros engenheiros e peões estarão responsáveis pela colocação delas no canteiro de obras. Trabalhando sem parar 24 horas por dia, 7 dias por semana, sem feriados nem descansos (segundo os textos usados como base, os “egipcios” trabalhavam apenas 3 meses por ano), estimamos a construção da Pirâmide com tecnologia de 2008 em cerca de 13 a 14 anos (tabalhando sem parar 24 horas por dia, 7 dias por semana, 365 dias por ano), a um custo que pode chegar fácil a 18 bilhões de reais. E, como o tio Marcelo, conhecido neste post como Faraó Del Debbio I, é uma das dez pessoas mais modestas do Planeta, ele teria todo este trabalho e NÃO COLOCARIA O SEU NOME EM LUGAR NENHUM da pirâmide.


Faltou lembrar que todo este trabalho é para apenas UMA pirâmide, quando na verdade, o conjunto possui TRÊS pirâmides (então teríamos de multiplicar todo este trabalho por três… ).


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