Resenha: "A Lista Negra"
Título: A Lista Negra
Autor(a): Jennifer Brown
Páginas: 269
Sinopse: Valerie é uma
adolescente bem típica. Poucos amigos, nada popular. E com os problemas comuns
que complicam a vida:
1. Seus pais vivem brigando e são evidentemente infelizes;
2. Bullying. Na escola, ela é conhecida como Irmã da Morte
e seus principais algozes são...? Os
populares, claro. Os principais torturadores são Christy Bruter, jogadora
valentona de softball; Chris Summer, o super atleta; Jessica Campbell, a mais
bela e popular.
Porém, apesar dos problemas, Valerie tinha um bálsamo - seu
namorado, Nick Levil. Rapaz inteligente, irônico e protetor,
além de ser tão deslocado quanto ela.
A vida era difícil, assim como é para muitos adolescentes,
mas Valerie levava bem... Porque ela tinha Nick ao seu lado. Contudo, o que
fazer quando o mundo despenca em cima de sua cabeça? O que fazer quando seu
bálsamo se torna um assassino?
A Lista Negra é a história
de Valerie, namorada de Nick. Nick Levil, que assassinou colegas e professor,
mudando para sempre o Colégio Garvin. E mudando para sempre a vida de Valerie e
de todos aqueles que a rodeiam.
Opinião: a princípio,
parece que a história de A Lista
Negra é um amontoado de
clichês. Deslocados X Populares - vemos isso desde sempre. De acordo com
diversos livros e filmes, as escolas estadunidenses parecem se basear nessa
rivalidade. Mas o livro de estreia de Jennifer Brown consegue fugir do clichê
ao ser extremamente realista.
A tal Lista Negra do título é uma lista que Valerie usava
como "escapatória", escrevendo tudo aquilo de que ela não gostava,
incluindo colegas, conceitos e por aí vai. Só que Nick levava essa lista mais a
sério, assim como levava MUITO a sério cada gozação e provocação. A história é
eficiente ao mostrar como o bullyng prejudicava Valerie e Nick de formas
diferentes: enquanto Valerie se entristecia, mas se apoiava em Nick para seguir
em frente, o próprio Nick se tornava uma bomba de nervos raivosa pronta para
explodir.
E Valerie, que gostava tanto de Nick, não percebe as
mudanças. Tão ocupada com aquele mundo que ela construiu tendo o namorado como
uma espécie de válvula de escape, Valerie acaba não percebendo as conversas cada
vez mais destrutivas, as referências ao assassinato e ao suicídio... E é com
completa surpresa que ela é sugada para dentro do massacre escolar, que Nick
orquestrou usando os nomes da Lista de Valerie como guia para a matança.
É muito interessante a forma que a mídia e as pessoas veem
Valerie. Como autora da Lista, ela é taxada de monstro, assim como Nick. Mas,
no meio do massacre, quando ela impede que Nick atire em Jessica (a miss
popularidade) e acaba levando um tiro na perna por causa disso, alguns a
encaram como heroína. Só que Valerie se vê num meio termo e o livro explora
bastante essa confusão de
identidade - algo que é comum
na adolescência, mas que é muito mais grave no caso da protagonista.
A relação com os pais de Valerie também é bem complexa e
acaba resultando em raiva - do leitor, diga-se de passagem. Principalmente do
pai de Valerie, que é bem escroto. Jenny, a mãe, tenta decidir se a filha é
inimigo ou alguém a ser protegido, mas mesmo com a confusão, desempenha seu
papel de mãe. Ted, o pai, faz o contrário: incapaz de perdoar a filha, ele age
de forma indiferente ou até
mesmo violenta, colocando a jovem como o monstro que destruiu a vida
dele. Para completar, Ted ainda vai viver com a amante, tentando se afastar
daquela vida que foi "estragada" por Valerie.
Resumindo: o homem é um nojento. Cito uma cena em especial,
na qual Valerie pede que Ted a busque numa festa. A atitude dele me fez querer
pular pra dentro do livro e bater a cabeça do homem contra o volante do carro - apenas isso.
E claro, temos os sobreviventes. Cada um deles se
transforma após o atentado, especialmente Jessica. Ao ser salva pela
protagonista, ela muda totalmente e se transforma numa base de mudanças para a
própria Valerie.
Ah, e relacionando-se a Valerie e Jessica, ainda temos a
visão de quem seriam as vítimas e os culpados. Temos os que foram mortos,
claro... Mas quais foram as motivações de Nick para fazer o que fez? Será que
se Valerie tivesse se apoiado menos EM Nick e tentado ver no que ele estava se
tornando, ela poderia tê-lo impedido? E se Jessica tivesse usado sua
popularidade para abrandar o bullying?
E se algum professor ou o diretor houvesse tomado uma atitude mais relevante?
A Lista Negra é um livro
tocante e rápido de ler. A história intercala momentos pré e pós massacre,
ajudando o leitor a conhecer Valerie e Nick, fazendo com que nos envolvamos com
ambos personagens.
O mais legal é que a intenção da autora não é apontar
heróis ou vilões, nem fazer finais lindos de superação... A intenção é mostrar
a vida no pós-trauma e o perdão de forma realista, por isso, não espere romance
ou um grande clímax. E para concluir: a aparência do livro está incrível! Capa
muito bem feita e folhas de ótima qualidade.
Leitura muito recomendada!
0 comentários