Resenha: Projeto Rosie
By Janaina W Muller 11:47 comédia romântico, o projeto rosie, resenha, resenha de livros, romance
Don Tillman é um cara bonito, atlético. Pratica esportes regularmente, tem um emprego estável como professor de genética. Um homem popular e que deve ter 3984837 mulheres correndo atrás.
Certo?
Errado.
Don tem uma vida insuportavelmente regrada, não tem um pingo de inteligência social, não é fã de contatos físicos e tem extrema dificuldade para sentir empatia. Sua lista de amigos é mínima - constituída apenas por Gene, seu melhor amigo e canalha profissional, e Cláudia, sua conselheira e esposa de Gene. A lista de relacionamentos é quase tão mínima quanto a de amigos, sendo marcada pelo que Don chamada de desastres.
Porém, apesar de um fracasso como ser humano, Don precisa seguir com o curso programado de sua vida e isso incluí conseguir uma parceira. Uma mulher que se adeque a uma série de características e com a qual Don seja capaz de conviver.
Para achar essa santa, ele elabora um questionário hard - iniciando o Projeto Esposa - e com a ajuda de Gene, começa a selecionar possíveis candidatas. Claro que a tarefa não será fácil e para dar uma forcinha, Gene enviará para a sala de Don uma jovem chamada Rosie.
Acontece que Rosie é completamente inadequada: ela fuma, não é organizada, chega atrasada a todos os compromissos e não é adepta à regras. E pior - Rosie está inserida numa trama familiar meio novela mexicana. Ela é o resultado de uma pulada de cerca da mãe, que morreu antes de revelar a identidade do pai biológico. Será esse um aviso para que Don pule fora enquanto há tempo? Não! Ele se envolve na busca pelo pai biológico de Rosie. Tem início o Projeto Pai.
E claro que, em meio a essa busca, Don terá que descobrir se a mulher mais inadequada não seria, talvez, tudo o que ele realmente precise.
Pelo que dá pra perceber na sinopse aí em cima, O Projeto Rosie é clichê. Todo mundo sabe como a coisa funciona: o casal que menos combina é aquele que fica junto. Mensagens como aprenda a lidar com diferença, aceite o seu amor como ele, nhé, nhé, nhé.
Mas, incrivelmente, todo esse clichê não desmerece O Projeto Rosie. Diferente de outros romances que estão em voga atualmente, esse livro não tem pretensão de te fazer botar os bofes pra fora, de deprimir, de espantar.
É um livro leve.
Para aqueles dias em tu tá com muita coisa na cabeça e precisa de um descarrego. Num dia de merda, O Projeto Rosie funciona como uma espécie de descarga. Compreende? hehehe
Não há um grande clímax e o que prevalece é a comédia. É impossível não comparar Don com Sheldon, de Big Bang Theory. Os dois são inteligentes, frios, robóticos e organizados ao extremo, só que Don é uma versão mais light - o que não faz o comportamento dele menos engraçado. Dá pra rir bastante com as gafes dele e sua forma racional de pensar, independente da situação.
"O termo 'baixo impacto' se aplica, nas artes marciais, a um oponente que sabe cair. Esse indivíduo não sabia e aterrissou com toda força. (...) Para evitar mais violência, fui obrigado a me sentar em cima dele. - Tira essa porra de bunda de cima de mim! Eu vou te matar, seu desgraçado - disse ele. Diante desse argumento, parecia ilógico atender a seu pedido."
Por isso, apesar de ser o personagem com menos empatia, Don é o mais simpático. Fora que é maravilhoso ler uma comédia romântica com protagonista masculino. Rosie, mais comum, não consegue prender tanta atenção quanto Don. Achei ela meio chatinha, arrogante - mas não insuportável. É uma jovem realista, bem construída. Mas é que Don é tão legal e doidão que qualquer outro personagem é ofuscado.
"Gene me mandou a mulher mais incompatível do mundo. Uma garçonete. Atrasada, vegetariana, desorganizada, irracional, nada saudável, fumante - fumante! -, com problemas psicológicos, que não sabe cozinhar, é matematicamente incompetente, com uma cor de cabelo artificial. Acho que ele estava fazendo uma brincadeira comigo."
"Gene me mandou a mulher mais incompatível do mundo. Uma garçonete. Atrasada, vegetariana, desorganizada, irracional, nada saudável, fumante - fumante! -, com problemas psicológicos, que não sabe cozinhar, é matematicamente incompetente, com uma cor de cabelo artificial. Acho que ele estava fazendo uma brincadeira comigo."
O Projeto Rosie não é um livre marcante, mas é uma ótima distração. A escrita e os personagens simpáticos lembram bastante o jeito de Marian Keyes, autora de Sushi e Melancia, que também faz tramas leves, sem maiores objetivos, apenas para entreter.
Eu não gosto de romance, mas gostei desse. Então, imagino que pra quem já gosta do gênero, essa é uma ótima alternativa.
Não está a fim de refletir sobre a condição humana, sobre a vida? Não está a fim de chorar e se dobrar em posição fetal pelo desespero? Então, escolha Don. Confie em mim, ele é um ótimo partido.
Não está a fim de refletir sobre a condição humana, sobre a vida? Não está a fim de chorar e se dobrar em posição fetal pelo desespero? Então, escolha Don. Confie em mim, ele é um ótimo partido.
"Amar é ter um sentimento profundo por outra pessoa, um sentimento que muitas vezes desafia a lógica."