Resenha literária - The Walking Dead: A Queda do Governador, parte 1
Governador não salva a pátria, mas salva a história.
Esse é o terceiro volume de uma saga marcada por altos e baixos.
"A Ascensão do Governador" é incrível, um livro empolgante com excelentes personagens. "O Caminho para Woodbury" é um balde de água fria, um livro tão lento quanto os zumbis que nele aparecem. E "A Queda do Governador - parte I"... Bem, esse consegue ser uma mistura de seus antecessores. Chato e emocionante, surpreendente e entendiante - mas que no fim, vale a leitura.
Dessa vez, permanecemos o tempo todo em Woodbury. Somos inseridos no cotidiano dos personagens sobreviventes, acompanhando-os enquanto eles ensaiam uma vida pós-apocalíptica. Na maior parte do livro, nos dividimos principalmente entre as perspectivas de dois personagens: Lilly Caul e o Governador Philip Blake . Justamente, são esses dois que correspondem aos "baixos" e os "altos" da narrativa.
Lilly é o motivo fundamental para o meu ódio ao "O Caminho para Woodbury" e num bis, volta para ser meu desgosto nesse livro. A personagem não desperta simpatia, parece deslocada, seus sentimentos são sempre superficiais. E o romance? Não entendo isso. No livro anterior, houve um romance patético e terrivelmente açucarado - uma fórmula destoante em um livro que tem como plano de fundo um mundo arruinado pelos zumbis. Não sou contra os dramas pessoais ou o desenvolvimento psicológico dos personagens e tal, mas romance cor de rosa? Com frases bonitinhas e dúvidas existenciais do tipo "será que eu fico com ele?" Pensei que os autores não teriam coragem de repetir uma história dessas, mas pelo jeito, a personagem Lilly está fadada aos romances chatos e descabidos. Inclusive, Austin (um dos personagens incluídos que mais se destacam) é outro chatinho, infantil, fraco, bobinho. Caso esse fosse um livro zumbi juvenil, a historinha deles seria passável (ou não). Mas numa narrativa brutal e sanguinária? Não.
Afinal, apesar dos baixos, "A Queda do Governador" permanece sendo um livro brutal. E mais brutal do que nunca, pois toda a chatice aguentada na primeira parte é recompensada na segunda metade da história. Entramos outra uma vez na mente do mais instigante personagem - O Governador - e nos deliciamos com a sua loucura, seus conflitos, suas ações, seu poder. Esse vilão é épico, do tipo que dá gosto odiar.
O Governador está no auge - tem a obediência de uma cidade, a fidelidade de seus seguidores e Woodbury finalmente está para se transformar numa fortaleza, um mundo dentro de outro. No entanto, sabemos o que dizem - quanto mais alto se chega, maior é a queda. E no meio do lento despencar do Governador, somos presenteados com a entrada dos personagens conhecidos do povo: Rick, Glenn e Michonne.
Ah, Michonne... Na série, ela é (disparado) a minha personagem favorita. E nesse livro, essa preferência só fez aumentar. É com o envolvimento dela que acontecem as cenas mais angustiantes, narradas com um detalhismo que faz você pensar - entre zumbis e humanos, quem são os verdadeiros monstros?
"A Queda do Governador - parte I" tem boas cenas de ação e mostra um personagem que vai além da fronteira de crueldade. Os detalhes são tão bem construídos que, dependendo da atenção com a qual você lê, vai acabar se imaginando na pele daqueles que sofrem nas mãos do Governador - e isso é algo que você não quer. Haverão momentos em que o leitor vai revirar os olhos (caso compartilhe da minha opinião) por causa das cenas pedantes da Srta. Caul, mas no restante... Vai fundo. E aproveite seus (prováveis) últimos momentos em Woodbury.
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