Ressaca psicológica = maratona de filmes.
By Janaina W Muller 16:08 crítica, dicas de filmes, filmes de terror, pós-feriado, tédio
Dia 26 de dezembro = inexistência. Ressaca psicológica. Não
tenho capacidade/vontade para fazer nada mais complicado do que ficar
deitada e mover os braços – no caso, para levar comida até a boca.
O resultado
disso é a tradição de que no dia 26 eu não faça nada além de assistir filmes.
Filmes de terror, na maior parte das vezes.
A listagem para o dia de 26 desse ano incrível de 2014 (já vai
tarde) foi essa:
- Star Wars Episode VI: Return of the Jedi (1983) – não é terror, mas eu queria terminar mais uma maratona semestral de Star Wars;
- As Above, So Below (2014);
- The Possession of Michael King (2014);
- Housebound (2014);
- All Cheerleaders Die (2013).
As Above So Below:
Título made Brasil: Assim na Terra como no Inferno
Sinopse: Um
grupo de arqueólogos está em busca de um tesouro perdido e, para isso, explora
o desconhecido labirinto de ossos nas catacumbas abaixo de Paris. Aquela
região, conhecida como a cidade dos mortos, revela um segredo que mexerá com a
psique humana de modo que os demônios pessoais de cada um voltarão para
assombrá-los.
Opinião: ótima ideia e
maravilhosa condução ATÉ a primeira metade do filme. A sinopse está
meio erradinha – temos uma arqueóloga, a protagonista que está em busca da
pedra filosofal, um tesouro místico que pode fornecer vida eterna e que foi criado
pelo lendário alquimista Nicolas Flamel (e também amigo de Alvo Dumbledore).
Ela vai para as catacumbas de Paris com um colega especialista em línguas, além de um cinegrafista
que está fazendo um documentário sobre a busca dela e alguns exploradores
urbanos que conhecem os caminhos pelas catacumbas.
A protagonista é irritante,
mas não tira a graça do filme, que mistura dados históricos com terror bem construído.
Sem contar que as catacumbas de Paris são um show por si só! No entanto, a
história desanda no final ao apelar para os clichês e para um final bem entediante.
Paris: o lugar perfeito para a lua de mel.
No geral, achei um bom filme. Adorei a ideia –
principalmente, porque acho assustador quando metem o Inferno no meio. Os dados
históricos são muito interessantes e o terror psicológico da primeira metade é
tenso e sufocante. Mas na segunda metade, o terror se torna óbvio e não dá medo
nenhum. Poderia ter sido um filme incrível.
The Possession of Michael King:
Sinopse: O filme conta a história
de documentarista Michael King (Shane Johnson), que não acredita em Deus ou no
Diabo. Após a morte repentina de sua esposa, Michael decide fazer seu próximo
filme sobre a busca pela existência do sobrenatural, tornando-se o centro da
experiência – permitindo que demonologistas, necromantes e vários praticantes
do ocultismo tentem os mais profundos e sombrios feitiços e rituais que podem
sobre ele – na esperança de que quando falharem, ele irá de uma vez por todas,
ter a prova de que a religião, o espiritismo e o paranormal não são nada mais
do que um mito. Mas algo acontece. Uma força maligna e horripilante assumiu
Michael King. E não vai deixá-lo sair assim.
Opinião: achei chato e não
me assustei em nenhum momento sequer. Quero dizer, o filme começa bem, com o protagonista confrontando diversos profissionais do oculto. Michael King tenta desmentir
uma cartomante e permite que um demonologista e um necromante façam seus
rituais por meio dele, usando seu corpo como instrumento. Como o próprio personagem afirma no início do filme: ele
será a cobaia. E a parte dos rituais é a mais legal do filme... No entanto, a
parte principal – a possessão – acaba por se tornar entediante e pouco crível.
Pra começar: King filma todo o processo. E rapidamente, ele vai perdendo o
controle, cedendo ao que tomou conta de seu corpo. Inclusive, a versão from
hell do protagonista filma a si mesmo enquanto está no estado demoníaco e eu
destaco duas situações em especial: a filmagem na qual ele assedia a própria
irmã (que está ferrada no sono por causa de remédios) e balança um facão de
carne em cima da filha (que também estava dormindo). O ponto é que King jamais
descobre que fez essas coisas e, consequentemente, demora demais para se
convencer de que, de fato, está possuído. Por que?
Porque ele não olha suas
filmagens. Ele simplesmente ignora TODO o extenso material filmado.
Esse foi o elemento mais
irritante no filme. Sem contar que da metade para o final, a produção se torna
uma compilação de clichês dos filmes de possessão, concluindo com uma cena previsível que me parece ter sido chupada de O Exorcista. Ah, e aquilo que tem de melhor nos
filmes demoníacos – os rituais de exorcismo – não aparecem aqui. Enfim, filme
descartável. NEXT.
Housebound:
Sinopse: Kylie Bucknell é forçada a voltar para a casa em que cresceu após
uma decisão da justiça. Essa punição será ainda pior por ter que morar com sua
mãe, Miriam, uma tagarela bem intencionada que acredita que a casa é
mal-assombrada. Kylie não acredita nas superstições de Miriam e acha que tudo
não passa de fofoca de cidade pequena para se distrair da vida banal. Porém,
quando também começa a ouvir sussurros perturbadores e barulhos estranhos na
madrugada, Kylie começa a achar que a casa pode estar mesmo possuída por um espírito
hostil nada feliz com as condições atuais.
Opinião: esse filme foi produzido na Nova Zelândia e, perdido
num oceano de filmes made in EUA, Housebound é o melhor dessa listagem. Tem medo
de filmes de terror e está odiando os títulos do meu post? Não se preocupe! De terror, esse filme não tem
é nada. Ele é uma comédia com alguns toques de terror, mas que não são o suficiente
para assustar – e de qualquer jeito, esse nem o propósito do filme.
Housebound
quer fazer rir e não por meio de uma comédia pastelão, como Todo Mundo em
Pânico e semelhantes. Aqui, o humor é inteligente e sarcástico, e os atores são
ótimos. Não tenho nenhuma ressalva negativa no filme; gargalhei muito! Sem
contar que logo eu, que geralmente tenho problemas com protagonistas, achei
Kylie ótima. A atriz conseguiu o tom certo de mal humor, ironia e simpatia. Um
dos melhores filmes de comédia/terror que já assisti.
All Cheerleaders Die:
Sinopse: Uma garota
popular na escola pede ajuda às suas amigas líderes de torcida para capturar o
capitão do time de futebol masculino. Os planos vão muito além do imaginado, e
depois de uma perseguição em alta velocidade, as quatro garotas são mortas. No
entanto, um fenômeno estranho permite que as garotas voltem à vida, muito mais
fortes e perversas do que antes. Sedentas por sangue, elas decidem se vingar
dos garotos do colégio.
Opinião: a sinopse tá meio fora da realidade. Na verdade, temos um grupo
de líderes de torcida que se mete numa briga com o líder do time de futebol
americano. Elas fogem, mas ele as persegue e PUM! – acidente fatal de carro. As
meninas estão mortas, mas outra garota (“amiga” de uma delas) realiza um
feitiço envolvendo algumas pedras, que penetram nos ferimentos das líderes de
torcida e as revivem. Contudo, elas voltam como vampiras loucas, o que causa
alguns problemas.
De qualquer forma, dá
para perceber que esse filme é uma comédia.
E foi por não respeitar o próprio gênero que ele acabou se
tornando um filme ruim.
Primeiro: a história se leva muito a sério. Uma grande parte
do filme se concentra em desenvolver as personagens, focando no relacionamento
entre elas. Meio fora de contexto, está um triângulo amoroso lésbico, que não
acrescentou em nada na história. Quando finalmente elas voltam como vampiras, a
situação dura pouco – o confronto final chega rápido demais e não sobra muito
espaço para a comédia. Pensei que veria mais do cotidiano delas na versão
vampiresca, algo meio que inspirado em Garota Infernal... Mas os momentos
engraçados são poucos, o que é muito irônico num filme com uma sinopse tão
surtada quanto essa.
Segundo: os efeitos especiais. Senti uma leve dor na alma ao
ver o brilho daquelas pedrinhas mágicas. Terrível. Até Sharknado teve efeitos
melhores.
Concluindo, é um filme de comédia que tenta desenvolver suas personagens, lhe dando problemas existenciais e drama. Ao invés de se concentrar numa fórmula mais fácil e se tornar um filme divertido, tentou se levar a sério e falhou. Uma pena.
Obs.: todas as sinopses foram retiradas do site www.adorocinema.com/